Cantinho da Leitura

Aqui, um Grifo recomenda um livro interessante que achou por aí. Nessa edição, temos um relato de um livro surpreendente, chamado “Precisamos falar sobre o Kevin”

Bem, eu creio que indiquei esse livro no clube de leitura, e peço desculpas pela falta de criatividade, mas não consigo pensar em outro livro, até por que emprestei pra algumas amigas e elas não falam em outra coisa. De qualquer forma, quando indiquei a obra lá na sessão off topic, não falei sobre minha opinião sobre e ele, e bem, a parceira pediu, então lá vai.

Antes de tudo preciso alertá-los de que essa não é uma leitura fácil. Se você tem o estômago fraco, simplesmente não leia. Até hoje me pergunto como cheguei ao final e a resposta mais próxima da realidade que encontrei é que minha curiosidade é uma praga. Enfim, vou parar de enrolar.

Em “Precisamos Falar sobre o Kevin”, Lionel Shriver nos conta a estória de uma criança que não conheceu limites, descrevendo muito bem quais são os requisitos necessários para a criação de um monstro. Bem, pelo menos essa é a impressão que temos até um pouco antes do final, quando nos dispomos a olhar o mundo do ponto de vista de Kevin.

Enfim, aos 16 anos, Kevin khatchadourian assassina 11 pessoas a sangue frio e após 1 ano e 8 meses , sua mãe, através de cartas sussessivas ao ex-marido, tenta enteder o motivo de tanta crueldade. Nas cartas, Eva escreve sobre os longos e dificeis anos ao lado de seu filho não-tão-amado, que começa com uma gravidez indejada, passa pela dura convivência com uma criança que não lhe enxerga como autoridade, nem se interssa por nada nem ninguém, e em como o seu mundo desabou naquela dolorosa “quinta-feira” em que Kevin resolveu acabar com a vida de algumas pessoas. Conta também as tentativas desesperadas de salvar seu casamento que outrora fora perfeito, fala sobre a culpa por ser a “criadora” de Kevin, e de carregar o estigma de ser mãe de um assassino. Tudo isso assossiado a visitas difíceis ao seu pequeno monstro no centro de dentenção.

Durante a leitura, eu só não culpei o cachorro pela personalidade difícil de Kevin, por que a família não tinha animais. Culpa da mãe que não deu amor o suficente? Culpa do pai que não colocou limites? Ou será que o rapaz já nasceu mau? Seria a junção dos três fatores?

Só lendo pra saber.Mas posso adiantar que é uma obra maravilhosa. É um grande livro, e quem lê não se arrepende, ja fiz essa pesquisa 8)
bem, se consegui despertar a curiosidade de vcs… boa leitura!!!

Aí vai um trecho do livro.

O guarda com a cara toda salpicada de verrugas tinha dito que o nosso tempo estava esgotado; uma vez na vida, tínhamos usado os sessenta minutos inteiros sem passar boa parte deles fitando o relógio. Estávamos um de cada lado da mesa e eu ia resmungar alguma encheção de lingüiça do gênero “vejo você daqui a duas semanas” quando percebi que Kevin vinha me encarando de frente, quando até então todos os seus olhares haviam sido de esguelha. Isso me calou, me deixou nervosa e me fez perguntar a mim mesma por que algum dia eu quis que ele me olhasse nos olhos.
Quando parei de me revirar para pôr o casaco, ele disse: “Você pode enganar os vizinhos, os guardas, Jesus e a sua mãe gagá com essas visitas de mãe boazinha, mas a mim você não engana. Continue com isso, se quer uma estrela dourada. Mas não precisa arrastar a bunda até aqui por minha causa.” Depois acrescentou: “Porque eu odeio você.”
Sei que os filhos dizem isso a todo momento, nos acessos de raiva: Eu odeio você, eu odeio você!, olhos espremidos tentando conter as lágrimas. Mas Kevin está com quase dezoito anos e não falou isso com raiva.
Faço uma idéia do que seria de esperar que eu respondesse: Ora, ora, eu sei que você não falou a sério, quando sei muito bem que falou. Ou então: Eu o amo de qualquer maneira, meu jovem, goste você ou não. Mas eu tinha uma vaga suspeita de que justamente por seguir esses roteiros prontos é que eu acabara aterrissando numa sala quente de cores berrantes, cheirando a banheiro de ônibus, numa tarde de dezembro adorável sob todos os outros aspectos, num clima de uma clemência inusitada. De modo que, em vez dessas frases feitas, eu disse, no mesmo tom informativo: “Em geral eu também odeio você, Kevin”, e me virei para ir embora.

PRECISAMOS FALAR SOBRE O KEVIN
Lionel Shriver
Editora: Intrínseca

 

Pry Potter

Published in: on December 4, 2010 at 10:12 pm  Leave a Comment  

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